Análise do perfil de resistência bacteriana em uroculturas: estudo realizado no município de Feira de Santana-Ba
DOI:
https://doi.org/10.70673/rcecrfba.v4i2.63Palavras-chave:
Antibacterianos, Infecções Urinárias, Farmacorresistência Bacteriana, Prevalência, Testes de Sensibilidade a Antimicrobianos por Disco-DifusãoResumo
As infecções do trato urinário (ITUs) são comuns na prática clínica e representam um desafio crescente diante da resistência bacteriana aos antimicrobianos. Este estudo teve como objetivo analisar o perfil etiológico e de resistência bacteriana em uroculturas realizadas em um laboratório de análises clínicas em Feira de Santana, Bahia, entre janeiro de 2020 e dezembro de 2022. Foram incluídas 888 amostras positivas, das quais 87,3% eram de mulheres, predominando a faixa etária de 20 a 59 anos (58,1%). Escherichia coli foi o principal agente isolado (56,4%), seguida por Enterococcus sp (13,4%) e Klebsiella pneumoniae (11,3%). No total, 8.007 testes de sensibilidade a antimicrobianos (TSA) foram analisados, com prevalência global de resistência de 26,7%. A ampicilina apresentou a maior taxa de resistência (85,1%), especialmente em Staphylococcus saprophyticus (90,3%), indicando possível disseminação de plasmídeos. Sulfametoxazol-trimetoprima (32,5%) e fluoroquinolonas como ciprofloxacino (23,5%) também apresentaram taxas elevadas, comprometendo o uso empírico seguro desses fármacos. Por outro lado, a nitrofurantoína mostrou resistência moderada (18,7%), mantendo-se como opção viável para ITUs não complicadas. A análise dos dados revelou a importância do conhecimento do perfil local de resistência para orientar a prescrição racional e prevenir falhas terapêuticas. Embora o estudo tenha limitações, como a ausência de distinção entre infecções comunitárias e hospitalares, seus achados reforçam a urgência de medidas de vigilância epidemiológica, uso criterioso de antimicrobianos e atualização contínua das diretrizes terapêuticas. A resistência bacteriana, evidenciada neste contexto, demanda esforços coordenados entre gestores, profissionais de saúde e sociedade para conter sua progressão e preservar a eficácia terapêutica atual.
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